Olá a tod@s arquivistas e
leitores do blog... Sou Philipe Cavalcanti, Arquivista, formado pela UEPB
(2011).
Primeiramente, agradeço o convite aos amigos Anna Carollyna e Dacles Silva,
confesso que fiquei surpreso por tal pedido. Além disso, sendo o primeiro a
desenvolver trabalhos, na qualidade de convidado arquivista, a escrever esses breves
pensamentos, de tantos que outros que serão postados nesse blog. Uma grande
responsabilidade.
Bom, pra
início de papo e sem mais delongas foi pedido para escrever algo que fosse alvo
de uma inquietação e, claro, sempre temos alguma! Nesse caso pensei em falar
sobre algo que tenho observado nesses últimos meses que é a falta de
profissionais (Arquivistas) no setor privado. Isso mesmo, Arquivistas! A
Paraíba hoje conta com dois cursos de Arquivologia, formando a cada ano vários
e bons profissionais dessa difícil área. Mas para onde estão indo esses
profissionais? Onde estão exercendo suas funções?
É bem verdade
que o setor público é o que atende mais às nossas necessidades, principalmente
o Federal, onde são pagos os melhores salários e a procura sempre é (e será)
grande por uma vaga nesse setor (algo que não é exclusividade nossa, claro!).
Mas também sabemos que não haverá vagas suficientes nessa esfera para uma
demanda de tantos arquivistas formados.
E é para
preencher essa falta de vagas que aparece o setor privado (empresas,
organizações privadas, indústrias, etc.). Bom, infelizmente a realidade não é
bem essa e não é difícil comprovar isso, basta apenas um rápido papo com outros
colegas formados na área para saber que muitos ainda estão sem exercer suas
nobres funções no mercado de trabalho.
Mas essa
“falta de vagas” não é exatamente o foco desse texto. O principal foco é
discutir o fato de que os poucos que estão empregados não foram todos
contratados como ARQUIVISTAS. Mas como assim não? No setor privado existe algo
que podemos observar que é a contratação de “assistentes administrativos”, ou
seja, independentemente se somos formados em alguma área ou não, somos
contratados como assistentes, mesmo exercendo nessas empresas as respectivas
funções de ofício.
Em um caso
como o da Paraíba que não possui ainda uma associação de arquivistas e menos
ainda um sindicato formado, não temos como discutir um piso salarial
estruturado e de acordo com nossa realidade econômica. Ou seja, as empresas
privadas estão livres de pagar o bem entendem por serviços qualificados e
realizados por profissionais de nível superior e não há uma defesa por esses
direitos.
Cabe registrar
também que essa não é exclusividade dos arquivistas. Há outros profissionais,
de outras áreas, que na verdade necessitam submeter-se a essas condições, assim
como nós.
Apesar disso,
ainda há outro problema: a desvalorização dos profissionais no mercado. Pensando
bem, como chegaremos a sermos valorizados se ainda somos reconhecidos como
pequenos auxiliares e não como atuantes e capazes de uma real melhoria na
prestação e celeridade dos procedimentos administrativos de qualquer
organização?
A verdade é
que os arquivistas estão preparados para lidar com a demanda de serviços que
existe desde sempre nas organizações, o que não existe ainda é reconhecimento
da real necessidade desses profissionais, excetuando-se aquelas situações onde,
por exemplo, a Receita Federal solicita o registro dos funcionários a partir da
fundação das empresas, ou algo similar. O impacto dessa “manobra”
administrativa (de contratar como assistentes e a baixos salários) desvaloriza
uma profissão que não existe há pouco tempo. Caso ainda haja dúvidas quanto à
isso... Ver: http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=92&sid=52
No caso, das
contratações assim feitas, as empresas são desobrigadas a pagar seus
funcionários de acordo com seus respectivos pisos salariais, ou seja,
arquivista não recebe seus proventos de acordo com a função de arquivista,
cientista da computação, administradores, etc também não.
Não somos bem
qualificados para comentar sobre o aparato legal do que chamamos aqui de
“manobra administrativa”, se não existe, deveriam existir leis que proibissem
tal prática. Ou será que não? Ou será que seria pior? Será que ainda iriam
querer nos contratar? Do jeito que as coisas vão, talvez piorasse para nós
arquivistas sermos apenas contratados como de nível superior, por que daí
seríamos postos nos mesmos graus que engenheiros, advogados, arquitetos,
médicos, etc. como profissionais bem reconhecidos de acordo com nossas funções
e valor diante da administração, além de termos de ser bem pagos para isso.
Será
que merecemos tal posto, acreditamos que SIM!
Philipe
Cavalcanti, 18/02/2013.